"Fuck you very much (ou masturba-me o cérebro)"
Foder.
(é, a palavra assim isolada tens os seus efeitos)
(e um parênteses a referir os efeitos da palavra destrói completamente os tais efeitos)
(é como pensar “quero comer-te o cu”, e dizer “abraça-me”)
(pior do que isso… é dizer “abraça-me”, e pensar “quero que me comas o cu”)
Chega de parênteses. E apartes. E notas de rodapé. Foder é o que é. É um caralho e uma cona (para começar). Aqui não há amor. Não se entra no corpo de outra pessoa por amor. E também não se deixa entrar por causa de amar. É sempre uma incómoda imposição. Uma invasão. Para foder não pode haver respeito. O homem que respeita a mulher que lhe abre as pernas não fode, faz amor. Fazer amor é chili sem picante. Dizer isso é o bastante. A mulher que respeita o homem que lhe entra pelas pernas não fode, faz… o que for (eu cá, não sei… a sério que não). “O que for” é a mais puta dor. E dói porque a mulher não sabe. Nunca sabe se o homem que lhe entra e sai do corpo, ao ritmo da respiração, a quer ou não. Querer com vontade para além “daquela” vontade. A mulher sabe que o quer. É por isso que o deixa entrar. Mas, se ele a “quer”, vá-se lá saber até onde as promessas são verdade. Então, e o contrário? Alguém se lembra de perder horas de sono, de olhar parado na luz apagada, a matutar nas contas desse rosário? E quando é o homem o otário? E quando é ele que cai no conto do vigário? Homem não chora? Ora essa, agora! Ai chora, chora! E, já agora, também cora (só para rimar com “chora”). Ah! E não adianta remoer mais a parte em que eu disse que para foder não pode haver respeito. NÃO PODE! (há que aceitar e andar lá com isso). Sim, subsiste a questão: então, como é que se fode com alguém que se respeita? A minha resposta: boa sorte com isso! Eu sei o que é preciso fazer (não me perguntem se o faço sempre… além do mais, não respeito assim tanta gente dessa maneira). Pois tudo muito bem, assim não se elucida ninguém. E eu com isso! EU-COM-ISSO! (isto aqui não é nenhuma trampa de consultório sentimental). E a incómoda questão persiste: como é que se fode com alguém que se respeita? Não vou dar a resposta directa. Mas deixo pistas para quem fareja com o cérebro. Pista um: como é que se diz à mulher que se ama “quero vir-me na tua boca”? (sim, no que toca a ensinar, sou mesmo um sacana de merda!). A maioria das pessoas discordará, mas também se pode responder a uma pergunta com outra pergunta. Neste caso, quem souber a resposta para a pista um, também saberá a resposta para-a-incómoda-questão-que-persiste: como é que se fode com alguém que se respeita? Pista dois: como é que se diz ao homem que se respeita “quero a tua língua dentro de mim, até me vir sem avisar”? Para quem esquece com os olhos e recorda com os dedos, será fácil notar aqui um padrão que se começa a desenhar: as minhas respostas são perguntas (eureka!). Responder a uma pergunta difícil com outra pergunta é uma espécie de vénia que se faz às pessoas que usam o intelecto. Uma resposta clara e directa dá-se a qualquer idiota. Os idiotas fazem amor, ou… o que for. Quem está bem, que se deixe estar. E, se está bem, não tem porcaria de motivo algum para se questionar: como é que se fode com alguém que se respeita? Pista três: o que se responde a alguém que nos pergunta “como é que se aguenta o nojo de fazer amor sem amor”? Pronto, para esta, eu vou dar a resposta: “respeito… ou o que for”. (daria o dedo mindinho do pé esquerdo para saber quantos percebem de facto até que ponto a minha resposta presta contas ao sarcasmo… os dedos mindinhos dos dois pés que eu daria!).
Cão Sarnento.
"Interpretação artística"
Cão Sarnento.
post scriptum: e não adianta virem para aqui com esgares de nariz inclinado… quem não riu, pelo menos uma vez, não tem qualquer sentido de humor. Para esses infelizes: thank you for trying to smile.
"Mania qués boa"
Cão Sarnento.
post scriptum: para quem não faz ideia de quais os desenhos animados que referi, depois de tantos príncipes, no fim, a princesa esquisitinha acabou por ficar com um parolo qualquer… é!
Eyes wide open
Este é o texto mais sério e mais longo que já escrevi aqui. Quem achar que não está para isto, não tem qualquer obrigação de enfardar a palha toda. Não há piadinhas subentendidas. Não há ironias para puxar o riso imbecil. Não há sugestão de sexualidade encapotada. Não há lições de moral acerca do que é mais banal. Não há filosofias de vida para quem não sabe para onde raio deve apontar o nariz e seguir por onde bem entenda. Não há ensinamentos suficientemente meritórios do desperdício de tempo que se revela tentar aprender pelos outros aquilo que se deve aprender sozinho. É demasiado sério. É raiva esganada com vontade de recorrer ao impropério. Vão lá ver o que é isso por causa da inanidade mental e do saber submisso (afinal, talvez a ironia esteja presente… ou isso). Às vezes, não é fácil ser como sou. Ler as pessoas com pequena margem de erro tem um custo. E esse preço não é justo. Nem para mim, nem para as pessoas. Quando eu as leio, não me dizem se são más ou boas. Dizem-me apenas que são pessoas. Dizem-me que são assim. Que gostam de mim. Que não gostam de mim. Às vezes, as mesmas pessoas dizem-me os dois opostos. Às vezes, ambas as afirmações são verdades. Por isso, eu não quero saber se as pessoas são boas ou más. Só quero saber o que cada pessoa me traz. Isso de ser bom ou mau é conceito defeituoso. Não há bitolas acertadas para medir. As que há são feitas e usadas igualmente por pessoas boas e más. O resultado é viciado porque as pessoas más não dizem que são más, tal como as pessoas boas não apregoam que são boas. E o que interessa isso, afinal? Abomino o rigor de definições morais que valem zero para as mesmas pessoas que bradam esses conceitos na hipocrisia que lhes eleva a voz. Eu quero é colocar as mãos à volta dos pescoços e apertar, apertar e apertar mais até sufocar todas as pessoas que me fazem mal. E depois de sentir o estalo das vértebras e de lhes arrancar o último suspiro quero continuar a apertar até já não sentir as mãos. Até já não sentir o que fiz a cada vida que já nada me diz. Apertar e esmagar, até essas pessoas deixarem de existir na minha pele e escorrerem como areia de ampulheta por entre os dedos do crime, para um passado que enterro nas memórias de tudo aquilo de que desisti. Às pessoas que me fazem bem ofereço-lhes os braços e encosto-as ao peito. Essas, não merecem menos. Não porque me fizeram bem a mim, mas sim porque foram capazes de fazer bem a alguém. Esse é um prodígio que merece bem o abraço. Esse é um prodígio que todos podemos fazer. Não compreendo por que razão é tão escasso. Eu podia considerar que o defeito é meu. “Sou eu, e não os outros”. Seria mais cómodo. Mas não sou eu. Os outros (a revoltante e absurda maioria) é que estão mal. Apenas acham que não porque são mais. A Terra continua a ser plana para essa maioria. Os que afirmam a esfericidade sofrem por saberem qual é a forma de verdade. Ainda assim, têm de concordar com as alarvidades dos que dizem que os oceanos caem no abismo que cerca o mundo. A maioria chama-lhes abismo. A minoria sabe que o nome é, na verdade, estupidez. A vida é assim, uma ditadura ignorante governada pela mais tirana e odiosa das leis: “Se os outros fazem, então, também me é permitido.” Esta lei seria justa, se o que os “outros fazem” não significasse tantas coisas erradas. Que nojo. É só o que me vem à cabeça. QUE NOJO! Um fel verde e ácido que me queima o peito ao subir à boca. Mas não posso cuspir. Tenho de voltar a engolir, mesmo sabendo que me queimará o estômago. A revoltante e absurda maioria é que manda. A revoltante e absurda maioria é que decide o que se pode cuspir e o que se deve engolir. Essa maioria é revoltante porque se faz de pessoas que já foram melhores. Pessoas que se vergaram à necessidade de aprovação. Pessoas que se fartaram de afogar a garganta quando apenas queriam respirar a sua verdadeira vontade. E essa maioria é absurda porque não faz qualquer sentido. As pessoas nascem vazias. Todos crescemos e somos aquilo que trazemos para dentro de nós. Por que razão escolhemos o pior? É absurdo! É claro que a maioria gosta de dizer que não se escolhe. Sim, muitos gostam de poder usar esse escudo furado. Se é assim… se é verdadeiramente assim, então não se apresentem como pessoas. Digam-me: “olá, eu sou uma máquina pré-programada, e daquilo que eu faço não escolho nada”. Se é isso o que são, não custa nada. Não há sentimentos para atrapalhar. Não há emoções para sentir. Não há finalidade no chorar. Não há motivo no sorrir. Assim, eu vivo num mundo de máquinas. Sendo eu carne, estou sozinho. Se me corto, espero que o sangue escorra e que o corpo cicatrize. As máquinas, simplesmente, vão para arranjar. Ou são atiradas para uma sucata qualquer quando já não têm concerto. Ou, então, já nem isso. Agora já não há sucatas. Tudo se recicla. Até as pessoas-máquinas. “Até”, não. “Especialmente” as pessoas-máquinas. Entram nas nossas vidas, avariam, jogam-se num contentor com uma cor qualquer e são substituídas por um item idêntico. Já ninguém conserta pessoas quebradas. A paciência de relojoeiro foi-se para parte incerta com um bilhete só de ida no bolso. Se isto não é para sentir um peso no peito… se isto não é para sofrer um aperto no coração… se isto não é para chorar… então, não sei o que mais trará lágrimas. Não sei. Não sou pessoa-máquina. Não tenho todas as respostas bem decoradas, guardadinhas algures num processador com infindáveis gigas de capacidade. As respostas que sei custam-me. Às vezes uso cábulas, é certo. Mas só porque não me posso lembrar de tudo. Nem quero. Quero poder falhar. Quero poder dizer “não me lembro”. Mas não digo “não me lembro” quando não sei. É mesmo apenas quando não me lembro. Quando não sei, vergo-me diante das pessoas-máquinas e digo-lhes que só sei o que sei. E se há uma coisa que eu sei é isto: existo. O valor desta palavra é tão esquecido e empobrecido! Já poucos querem saber o que significa. Não importa. Não vou mesmo entrar agora em tratados filosóficos acerca do lugar que cada um ocupa no Grande Plano das coisas. Não tenho sequer a pretensão de pensar que poderia dizer algo concreto acerca de tamanha incógnita. O que me interessa aqui são as pessoas. Aquilo que vejo nelas e como o vejo. A maior parte das vezes, vejo apenas mentiras. Uma visão triste quando se vive rodeado de pessoas. É de querer cegar para não ver. Mas não posso cegar. Não sei se é por coragem ou por falta dela. Por isso, às vezes, apenas fecho os olhos. Faço de conta que não vejo (eu disse que quero poder falhar). Afinal, sou pessoa e preciso de outras pessoas. Mesmo que sejam apenas pessoas-máquinas com sentimentos de ilusão. Mesmo que sejam utopias irrealizáveis que suscitam a vontade de acreditar que se encontrou alguém bom. Alguém que sangra como nós. Alguém que não nos deixa sós. Alguém que não se aproxima apenas porque lhe convém. Alguém que precisa de nós também. Quero impossíveis. Eu sei. Quero impossíveis, mas quero! As pessoas-máquinas contentam-se com o possível. O impossível dá erro. Tudo tem de ter nomes. Títulos. Títulos de exactidão. Todos querem definir o amor. Eu prefiro senti-lo, seja lá o que isso for. A mim, não interessa a definição. Interessa o toque da mão. Dez dedos. Posso tocar uma pessoa e saber o que é amar de dez maneiras diferentes. E apenas tocando-lhe com os dedos das mãos. Quantas mais maneiras há de tocar em alguém? Como se pode querer definir algo que acontece mesmo quando não se percebe que aconteceu? Como é que se pode arranjar um título para isso? Se há alguém que tem essa resposta, não sou eu. Sou apenas redundante, numa raiva que me puxa cada vez mais para dentro, para um lugar de onde se torna cada vez mais difícil sair. Eu podia fazer deste arrepio de palavras um ciclo/círculo vicioso. A razão e o sentimento vão sempre dar ao mesmo. Apesar de, à primeira vista, poderem parecer antagonistas… sempre frente a frente, e nunca lado a lado… ambos se entendem muito bem. A razão sabe que o sentimento faz falta. O sentimento sente que a razão também. “Assim, mesmo que te ame, deixo-te ir. Por algum tempo, deixarei de sorrir. Ou apenas sorrirei menos (não quero mentir).” Este é apenas um exemplo de como a razão e o sentimento se entendem. Se duas coisas que parecem tão diferentes se entendem, por que razão as pessoas (que parecem/são tão iguais) não o fazem então? É por causa do que mentem em relação ao que sentem? É por causa do que sentem em relação ao que mentem? Porquê, raios partam! Porquê? Estas palavras não levam a lugar algum. Eu sei. Também não quero chegar lá, aonde esse lugar algum for. Eu sei onde estou. Eu sei quem sou. Cão? Não. Pergunto novamente. Cão? Sou. Então? Então, as pessoas como eu saberão. As pessoas-máquinas, não. Sabemos conhecer as pessoas que nos mentem pelas mentiras que aceitam de nós. Mas, para isso, temos de mentir. Se não o fizermos haverá outra maneira de descobrir? (eu sei, mas não vou dizer… deixei claro que não revelaria nada de verdadeiramente meritório). Se não houver outra maneira, resta aceitar e mentir também. Mas se tiverem de mentir, mintam bem. Isto não é um apelo à mentira (depois do que já disse seria, no mínimo, hipócrita). É outra coisa. É revelar um pouco de coração. As pessoas boas também mentem. Tal como as pessoas más podem dizer a verdade. A diferença é que as pessoas boas mentem com boa intenção. As pessoas más que dizem a verdade, não. É essa a diferença que revela um pouco de coração. Pessoalmente, dispenso a mentira, seja qual for a sua razão. Prefiro o aguilhão da verdade que não me deixa pousar a cabeça e dormir do que a ilusão da mentira que me permite continuar a sorrir. A verdade cura. E perdura. A mentira adoece. E enfraquece. Aqui não há idealismos ingénuos. Se houvesse, eu não teria a abertura de mente para considerar sequer essa eventualidade. Estaria demasiado enlevado pela inocência desses tais idealismos para perceber que sofria de cegueira para a realidade. A realidade também é, em si, subjectiva. Por muito que me custe admitir, é mais aquilo que nos fazem crer do que aquilo que acreditamos saber. Ainda assim, temos de escolher uma pedra preciosa em bruto e lapidá-la. O resultado será a nossa realidade. Se escolhermos um bom diamante e tivermos engenho, a jóia deixará passar a luz em todo o seu esplendor. O invisível será decomposto em cores que não sabíamos existir mesmo diante dos nossos olhos abertos ao expoente máximo. Esse diamante será o nosso maior valor. Será o prisma que nos dará a possibilidade de olhar para as pessoas e ver as suas variadas perspectivas. Poderemos olhar através desse caleidoscópio humano e perceber: “tu mentes, tu não.” Umas vezes com satisfação, porque vemos antes de sermos enganados. Outras vezes, com desapontamento… porque somos apenas pessoas e gostamos de poder falhar.
Cão Sarnento.
(bah!... vou mas é continuar a falar de como se assam sardinhas sem queimar a dita cuja)
O Cão
Cão Sarnento.
É...
Foda-se, meu amor, não me negues o tesão! Amar fica caro se não houver aquele calor do corpo que faz com que tudo não seja apenas bom. Às vezes, “apenas bom” é pouco e faz parir desejos de querer “muito bom”. Dá-me a tua verdadeira vontade de fazer coisas que te envergonham. Senão… bom será apenas bom. É. As coisas são mesmo assim. Negar aquilo que nos faz corar é definhar todos os dias um pedacinho. É uma célula que morre em vez de se reproduzir. É a apatia em vez do sentir. É a mão na frente da boca a conter a vontade de rir. Rir à gargalhada é liberdade que poucas vezes se permite por se achar uma coisa errada… pouco educada. O que é educação? É sentir aquela vontade danada e, mesmo assim, dizer não? Muita gente faz isso para que a pessoa que lhe dá essa mesma vontade não fique com a “ideia errada”. “Ai, que eu não quero que ele pense que eu sou uma oferecida, uma esta ou uma aquela.”, pensa a moça preocupada. “Epá, é melhor ir com cuidadinho para ela não pensar que eu só a quero para aquilo.”, pensa o rapaz interessado. Sim, há muitas pessoas que pensam assim só para não transmitirem a ideia errada. Idiotazinhos ridículos e cobardolas. Não há maior ideia errada do que pensar uma coisa e dizer outra completamente oposta. E, depois, vêm para cá com teorias pseudo-académicas de que nunca alguém conhece verdadeiramente alguém. Pudera! Se ninguém se dá realmente a conhecer, é apenas isso que se tem. Não desatem a carpir infelicidades por tamanha fatalidade do destino, como se tivessem menos culpa do que alguém. “Em que estás a pensar?”, perguntou A. “Em nada.”, respondeu B. É preciso adiantar mais conversa? Esta pergunta/resposta é suficiente para resumir o comodismo de aceitar passivamente uma mentira e o descaramento para inventar uma remendiola deslavada. E ambos sorriem, uma letra para a outra, A e B (substituam pelos nomes que bem entenderem… todos encaixam), ambos sabendo que a mentira está lá, e que a coisa boa, aos poucos, vai apodrecendo para uma coisa má. Pronto, tenho de admitir que, às vezes, “em nada” é mesmo uma resposta verdadeira. Mas poucos são aqueles que realmente possuem a capacidade de pensar em “nada”. É coisa de iluminado, que apenas o Buda e os seus compinchas do nirvana podem alcançar (é favor não incluir aqueles que são verdadeiramente estúpidos pois, para esses, não se trata propriamente de uma capacidade… é-lhes inerente e não lhes respeita a vontade). “Em nada” também pode ser apenas uma expressão que significa “nada de importante”. Nesses casos, é preferível responder mesmo assim. Entre A e B que se conhecem isso será bastante. É claro que poderá permanecer a questão: “Que merda… afinal, se estás aqui comigo, por que raio estás a pensar em nada de importante?” É…
Cão Sarnento.
"hush"
Hush
Hush little baby,
we’re coming home
for tonight
Not a certain but maybe,
we’re not alone
in our fright
The shimmering
mirror image of me
living in your eyes
it’s the wavering
last smile to see
in all our goodbyes
No waving hands
getting tired
No warm tears
getting cold
No fairy tale ends
getting desired
No deep fears
getting old
That’s the way
things are to be
when you can’t stay
inside of me
That’s desire
No lying
No shying
No ashes
No crashes
Just the fire
of those flames
inside the chest
without the blames
taking the best
Skin feeling skin
Lips kissing lips
Chin touching chin
Hips pushing hips
Hush…
Hush I said
Don’t cry alone in bed
Hush…
Hush little baby
Don’t let it get you
Smile, maybe…
Please, do
Cão Sarnento.
Fetish me
Cão Sarnento.
Pole position
Segue-se um excerto da ladainha do costume:
“— Vá, tu primeiro!
— Não. Tu!
— Oh! Vá lá!
— Nã-nã-nã… tu!”
Ora, em que possível situação é que se pode enquadrar esta discussão patética? É só escolher. E a que eu escolho agora é uma das situações que mais atormentam tanto homens como mulheres. É o eterno chover no molhado, se assim o quiserem entender (se não quiserem, quero eu, e é o quanto basta). É a idiota indecisão acerca de quem deve dar o primeiro passo. Quem deve dar o primeiro abraço? E o primeiro beijo… eu ou tu? E o primeiro vamos-a-isso? Quem é que se faz ao piso, hã? É claro que toda esta discussão imbecil se passa apenas dentro das cabeças das pessoas envolvidas, uma vez que não há a tal… (como é mesmo?) coragem para verbalizar o que realmente se quer, quando se quer. O facto é que ambos querem. Não importa realmente quem seja o primeiro a avançar. O que importa é que se queira. Pois! Acontece que as pessoas não funcionam assim. Há o status quo que deve ser mantido. E, afinal, o que raio é esse tal de “status quo” para ser assim tão cegamente defendido como dogma inquestionável? Bem, é simplesmente a maneira como as relações entre homens e mulheres sempre decorreram. Ao cavalheiro compete tomar a iniciativa. À dama compete esperar que a iniciativa seja tomada. Eu gostaria de estar a falar de um procedimento que já se extinguiu há mais de um século mas, infelizmente, parece que daqui a um século ainda alguém há-de estar a defender esse tal de “status quo” como uma coisa bastante actual. Mas, afinal, por que raio há-de ser o macho a tomar qualquer tipo de iniciativa quando a fêmea também está definitivamente interessada? E porque grande carga d’água ambos os sexos aguentam ainda tamanho despropósito? Bem, as respostas são variadas, mas não são para todos os gostos (duvido que agradem a quem quer que seja). É o seguinte: as mulheres, por seu lado, gostam de manter a sua bela imagem (fachada cinematográfica) de criatura dócil e frágil, que tem de ser levada com muito cuidadinho, muitos paninhos quentes e tal, para se sentir valorizada e realmente desejada. Ei! Get real! Tal ilusão NUNCA foi uma verdade universal! Há por esse mundo fora um sem número de cadelas que fazem muitos cães enfiarem o rabinho entre as pernas quando arreganham os dentes. Por isso… por isso, hã! Por isso não me venham com lengalengas de velhas hipócritas que se masturbavam com crucifixos na flor da idade. E os homens, esses, bem (só me apetece debitar para aqui um chorrilho de impropérios cabeludos, daqueles bem “toma-lá-qué-práprenderes!”). É que a esmagadora maioria desses piiii (insulto gratuito censurado) continua a alimentar esse devaneio feminino de “ai e tal, que eu sou especial e não me devo sujeitar a dar o primeiro passo porque me posso lixar por ele não querer nada comigo ou, até, pensar que sou uma esta ou aquela”, e depois ainda se queixam que “elas é que têm a mania que são difíceis!” (só me ocorrem milhentas maneiras de mutilação em massa, cada uma mais dolorosamente castrante do que a outra!). Notícia de última hora: se as mulheres têm a mania que são difíceis, é porque os HOMENS (raios partam a maioria deles!) lhes permitem tamanho desvario! E para quê, já agora? Ora, a resposta não pode ser mais óbvia: o eterno ego masculino! Os pobres imbecis pretensiosos alimentam essa paparicação do sexo feminino apenas como forma de se auto-elogiarem. É que, lá no fundo da sua esperteza bacoca, juntam 1+1 (um cálculo prodigioso para alguns!) e convencem-se de que se eles conseguem conquistar uma mulher “difícil”, então, por dedução lógica, eles serão portentosos conquistadores. (cabrõezinhos estúpidos dum raio!). A simples realidade que escapa à maioria (homens e mulheres) é esta: a distância que separa um homem e uma mulher que se querem nunca é apenas um passo, mas sim dois. Se ambos avançarem um passo encontram-se no meio. Atinem! (é claro que permanece o pequeno detalhe de faltar saber quem dará o primeiro passo…).