"Mania qués boa"


“Ah, e tal, és uma gata! Passava-te a mão pelo lombo e alisava-te o pêlo que era um mimo!” Pois muito bem, e depois! Por acaso, só porque as gajas possuidoras de uma embalagem bem publicitada são um regalo para os olhos dos mocinhos (e as lesbos, bis, e afins), por acaso, elas trazem garantia de qualidade? (pergunta retórica, claro). Não, não trazem. (resposta mais do que evidente… mas não fica bem discriminar os lerdos). Essas tais gatas podem muito bem ser uma prenda ranhosa disfarçada com um lacinho manhoso. Eu até poderia dizer que podem ser tão ruins como os evidentes camafeus (digo, “gente bonita por dentro”) mas, na verdade, essas prendinhas bem enfeitadas podem até ser muito piores do que as medusas mitológicas que o pessoal procura evitar como se disso dependesse o dia de amanhã. E como é que podem ser piores, se essas tais gatinhas são assim todas coisa e tal? Bem, o que acontece é elas também podem não ser nada de especial. O tal fogo de vista. E aí, meus amigos (apenas uma força de expressão), aí é que o circo pega fogo, ou qualquer outra metáfora imbecil que venha à cabeça. Pronto, vamos lá fazer sentido. Já alguma vez passaram as manápulas pela caixa das bolachas, assim já a salivar, e depois verificaram que a caixa estava vazia? (pronto, eu não resisto às metáforas… são umas gatas!). Pois é! Nem uma porcaria de uma bolacha bolorenta lá dentro! Apenas migalhas babadas pelos ratos! Mas o raio da caixa continua lá, enganadora, vazia mas tão apetecível como qualquer outra que esteja cheia. Pois é isso mesmo que acontece quando se come com os olhos. Uma dica: essa treta de visão de raio-x é FICÇÃO! Portanto, o meu conselho (extraordinariamente sábio, como sempre) é: não comecem logo a salivar antes de espreitarem para dentro da caixa! E não me venham com a resposta espertinha de que há caixas transparentes! Não venham! Essas caixas ainda são mais enganadoras! Dizem logo à partida: “anda cá que tenho aqui uma bolachinha para ti!” Acontece que, vai-se a ver, tem-se o trabalho de abrir a caixa e depois leva-se um palmadão nos dedos que é para aprender! É que essas tais gatinhas todas embonecadas acham que, só lá porque brilham como o ouro dos tolos, valem tanto como o “real deal”. E depois ficam com a mania das grandezas! Isso já é prerrogativa do mulherio em geral e, então, se elas tiverem um palminho de cara, um traseiro que dá vontade de trincar, umas mamas que fazem desejar ter outro par de mãos ou uma boca suficientemente grande (não perguntem!), umas pernas com altura para usar elevador, ou o raio que parta o que mais houver, bem… aí já é coisa do domínio do absolutamente sobrenatural, porque surge a tal maldição de “sou boa demais para ti!” Deves pensar, deves! Acontece que se “pensas” que és “boa demais” para mim, então, não me interessas, pá! GET REAL, estúpida de merda! (importa dizer que isto passa-se tudo no domínio especulativo do hipotético, e que se trata de um exercício teórico meramente sociológico sem intervenientes concretos… é que não quero que venham para cá perguntar quem foi a tal estúpida de merda que me disse que era “boa demais” para mim… até hoje, ainda não conheci nenhuma mulher que reunisse os extremos de coragem e estupidez para dizer tal despropósito a alguém que é bom demais por definição… eu, claro). Mas, para concluir, interessa dizer que não adianta algumas (muitas) mulheres estarem com a prostituta da mania que são boas como o milho (quem não gostar de milho, que não me chateie), se depois nem sequer sabem esfregar os lábios na boca do rapaz para lhe dar um beijo de jeito! No final de contas, a porcelana da China também é muito bonita e tal, mas não serve realmente para mais nada além de ficar no expositor a ganhar pó. Mas enfim, de tempos a tempos lá acabará por aparecer alguém que aprecie a actividade extremamente revigorante e preenchedora de espanar o pó das coisas lindas. E depois, como dizia um certo narrador de uns desenhos animados antigos absolutamente deprimentes, mas divinamente deliciosos: “Outro príncipe de seguirá para tentar agradar à nossa princesa.”

Cão Sarnento.

post scriptum: para quem não faz ideia de quais os desenhos animados que referi, depois de tantos príncipes, no fim, a princesa esquisitinha acabou por ficar com um parolo qualquer… é!