“Aquela gaja tem cá umas melancias, que sim senhor!” Hã? Afinal, o que é que isso quer dizer? A tal de gaja é agricultora? Vende fruta? Sabe escolhê-la? O quê, pá? Não, nada disso. Quer dizer que a tal de gaja tem umas mamas grandes, boas, ou ambos os adjectivos num verdadeiro e apetitoso “dois em um” do catano. Então, por que raio não se diz logo isso? Mamas são mamas, e pronto. E ainda há quem lhe chame melões ou meloas, marmelos e sabe-se lá o que mais dentro do reino das frutas arredondadas. Há, também, os mais, digamos, rústicos que têm uma certa apetência para dizer tetas (vivam as vacas leiteiras, cabras fazedoras de queijo e afins!). Bem, ao menos, esses ainda se mantêm dentro das comparações com partes anatómicas de fêmeas do reino dos mamíferos. Depois há os que dizem peitos e seios. Oh, mas que belo e delicado e certinho (sim, se a ideia for apenas ver e não tocar e/ou estiverem a tirar um curso de medicina). MAMAS, pá! As mulheres têm mamas (pronto, aquelas que efectivamente as têm). As mulheres com mamas grandes são mamalhudas e pronto. E, de maneira nenhuma (mas nenhuma MESMO!) têm peitaça! Isso é coisa que se diz na brincadeira, numa ousadia de sentido de humor arriscado, e só! Não se diz a uma mulher: “gosto da tua peitaça!”. Nunca, pá! “Gosto das tuas mamas!”, e pronto! E se a dita mulher gostar que um gajo goste das mamas dela, o mais certo é haver ali uma boa possibilidade de o gostar com os olhos passar a gostar com as mãos, com a boca e, se as coisas correrem mesmo bem… (think espanholada). Dizer que se gosta das coisas sem metáforas apanascadas pelo meio a meter fastio é meio caminho andado para a acção. Do querer ao fazer é só um instantinho. O que é preciso é dizer-se que se quer como realmente se quer. E quando um gajo olha para uma mulher entre as clavículas e o diafragma, de certeza que não está a pensar
Cão Sarnento.