Há um ditado sacana que diz: “Good girls go to heaven. Bad girls go everywhere.” Para quem não percebe lá muito bem a língua dos “camones”, quer isto dizer que a parte do mulherio que anda com o pito aos saltos é que se safa (OK, já sei que a tradução não é propriamente ipsis verbis… latim, e tal…) É claro que não vou estar agora a criticar o puritanismo de ninguém (cada um desperdiça a sua vida como bem entender). E tão-pouco vou começar a cantarolar hinos à promiscuidade (hoje não há mais borlas para ninguém… já chega a figurinha manhosa de Demo com que apareço na ilustração). O que eu vou fazer é admitir uma coisa muito simples… às vezes, é bom ser mau! (sim, sim, é isso mesmo que escrevi! Não me chateiem com moralismos pirateados que se compram nos marroquinos da feira semanal!) Digam o que disserem, os panhonhas (bela palavra!) simplesmente não são os homens da vida de ninguém! Há que admitir com toda a honestidade! Homem que é homem… (OK, esperem… esta expressão é um machismo imbecil… outra abordagem). Um macho que tenha as amêndoas devidamente acondicionadas no saquinho sabe bem que a mulher que quer para mãe dos seus filhos não é necessariamente a mulher da sua vida (e acrescento um vice-versa duplo… só para me rir). Para mãezinha, serve a boa dona de casa muito prendada (as prendas incluem cozinhar como um chefe francês, arrumar como um batalhão de mulheres-a-dias, e ver as suas telenovelas de boca calada!). Boa mãe. Boa dona de casa. Boa esposa. Isso é muito. Muito mais do que se imagina mesmo! Mas nem sequer soa mais alto do que um suspiro da tal “mulher da minha vida”. Pode parecer injusto (e, se calhar, é), mas a realidade opressora de ser uma “boa mãe” aniquila a boa-vontade de conseguir reunir paciência para enfiar um corpete asfixiante e um cinto de ligas que magoa as coxas de um jeito muito pouco estimulante. E se juntarmos a essa receita um maridinho panhonhas q.b., ficamos com o guisadinho deprimente do costume. Normalmente, desse tipo de relação, para além dos filhos que representam uns quaisquer pontos estatísticos percentuais, só há uma outra coisa que realmente nasce… um belo par de cornos na testa de um dos respeitosos cônjuges (ou de ambos). Diz o senso comum que, normalmente, é a mulher que leva o troféu. (o senso comum sabe lá o que diz!) Já não seria a primeira vez que uma mulher se enrolaria comigo numa sessão muito carnal de coiso e tal, minutos depois de me ter dito que estava interessada em outro homem. Isto não é um juízo de valor, nem nada que se pareça (confesso que até me faz crescer uma pontinha de entusiasmo adicional… não é que seja necessário, entenda-se!). Mas serve apenas para demonstrar que o senso comum, no que diz respeito a conhecimento de facto, deixa muito a desejar quando está em causa avaliar as atitudes das pessoas. E quando as pessoas se sentem sufocadas pelas vidas que levam, e se apercebem de que a vida é realmente demasiado curta para se pensar duas vezes naquilo que se deve fazer sem sequer pensar, os valores subvertem-se mais rapidamente do que os direitos humanos na “República” Popular da China! E, ao fim de uma avaliação verdadeiramente racional, não é difícil percebermos que esses tais “valores” não valem assim tanto. Não, se tivermos de os manter com uma obrigatoriedade de consciência e não com a voluntariedade do coração. Se esses valores nos forçam, a inflação do cinismo e da hipocrisia deixam-nos pobres e a pedir. Mas a pedir para dentro, em silêncio, esperando… esperando… e esperando mais… até que um dia, o Diabo entra-nos no corpo e, fartos que estamos de “boas mães” e maridinhos panhonhas, o cão marca o seu território e a cadela coloca o nariz contra o vento. O ser humano jamais se livrará dos primórdios animalescos. Foi dessa lama ancestral que surgimos e é lá que inexoravelmente acabamos por regressar. A ilusão da civilização é apenas o agradável sumo natural de laranja que emborcamos para disfarçar o sabor amargo do ácido acetilsalicílico. Quem se aceita como é, com tudo o que isso pode ter de menos bom, e até vergonhoso, empurra o raio da aspirina garganta abaixo com água da torneira, mesmo que saiba a lixívia, sem esquisitices de criaturas domesticadas. Ter o Diabo no corpo não é só arder com a vontade de foder! O Diabo é muito mais do que isso! É a vontade de sermos verdadeiros com aquilo que queremos para nós e dos outros! Quando vive cá dentro, o Chifrudo diz-nos que ter cornos não é o fim do mundo! O danado ri de nós, e conta-nos um segredo. Diz-nos que o fim do mundo é um amor civilizado onde “ a boca da mãe que beija os meus filhos não me faz broches”.
Cão Sarnento.
Cão Sarnento.