Do you feel lucky?


Ouvi dizer a alguém, certa vez, que num encontro entre um homem e uma mulher, esta leva sempre uma vantagem… que a mulher sabe, à partida, uma coisa que o homem não sabe: a mulher sabe se o homem vai ou não “ter sorte”. Não vem ao caso saber se foi homem ou mulher que fez tal afirmação. O certo é que já lá vão alguns anos, e nessa altura eu simplesmente acenei afirmativamente e concordei. Mas o mundo é mesmo um camaleão com crise de múltipla personalidade e muda que se farta com o decorrer dos tempos. Nos dias que correm, simplesmente já não posso concordar com essa tal afirmação que ouvi. Já não sou o cachorrito inocente que latia em vez de ladrar, e já deixei de ser o cão que ladrava em vez de morder. Agora sou Cão Sarnento e mordo até deixar de querer. Confesso que ainda hoje há encontros em que não posso afirmar à partida se terei sorte ou não. Isso mantém-se (felizmente, diga-se de passagem). O que mudou é que (falo por mim) agora as mulheres também já não sabem se elas vão ter sorte. Sim, sim, elas! Sempre se fez uma abordagem errada do assunto. Tendo em conta que as mulheres dispõem da vantagem fisiológica dos tais orgasmos múltiplos, é justo afirmar que elas têm mais sorte do que os homens quando se decide “haver brincadeira”. A ideia de que um homem não recusa sexo é simplesmente um desgastado absurdo que ainda assombra as ruínas de convicções retrógradas. Não vou estar com hipocrisias de dizer que não há uma permanente (quase ininterrupta) predisposição do macho para o “truca-truca”, mas o facto é que a coisa não apetece mesmo sempre. E, no que me diz respeito, há a possibilidade de recusar, mesmo querendo. É que há coisas que se sobrepõem ao tesão (já agora, tesão é um substantivo masculino! Vejam lá se entendem isto de uma vez! Por isso, caras mulheres pouco entendidas nisto, deixem lá de dizer “a tesão”, que isso é simplesmente errado! E, para além disso, desvirtua a coisa! Se quiserem, chamem-lhe “a fome”, “a vontade”, ou todo e qualquer adjectivo feminino que sirva para tapar o buraco. Mas se querem dizer “tesão” usem o singular do artigo definido que antecede substantivos masculinos, c’um camandro!) Ora, onde é que eu ia mesmo? Ah, sim… afinal, o que é que se sobrepõe ao tesão na vontade de um homem? Bem (mais uma vez, falo por mim), por exemplo, perceber que a mulher age como quem está segura de que fazer sexo depende apenas da vontade dela. Isso é subverter a capacidade do macho em sobrepor-se aos seus instintos primordiais que (apesar de saudáveis, e muitas vezes satisfatórios por si só) não definem a sua maneira de ser de modo tão limitado. Já para não falar que é perfeitamente imbecil a ideia feminina de: “é só eu querer”. Sim, admito que será… com a maioria dos machos que para aí andam em carestia de coisa boa e razoavelmente difícil de abocanhar. (é claro que por “razoavelmente difícil” entendo a existência do tal jogo de divertida sedução em que a fêmea sabe parar de se esquivar das investidas do macho antes que este se ponha a andar… só mesmo os necessitados é que toleram essas merdas das “Ai! Não me toques, que me desafinas!”, garanto-vos. Pronto, OK, vamos também incluir os palermas em geral, os ingénuos e inexperientes, os pobres coitados com crise de autoconfiança, e a restante escumalha que cabe na abertura do ecoponto azul, onde se podem enfiar para futura reciclagem todos esses tristes papéis que interpretam). Hoje em dia, prefiro pensar que, durante um encontro, ambas as partes sentem vontade de ter sorte e que tanto o homem como a mulher se interrogam: “Do I feel lucky?”
Cão Sarnento.

3 comentários:

Inês disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Inês disse...

(Agora é que é! Ok, aqui vai o comentário que o site fatela daquela rede não me deixou adicionar por ser "too long"; mas acho que se adapta perfeitamente ao tema deste teu último post)

Hummmm… deixa-me ajudar-te a diagnosticar o problema. Acho que este questionário poderá ser útil:

Está um cubo de Rubik pousado numa mesa. O que faz?

a) Uaaauuu! Que coisa tããão gira! Mais um bocadinho e era uma bola de espelhos… Ai olha!, já sei! Vou pô-lo ali na cristaleira! Vai dar um efeito espectacular!

b) Alcanço o cubo com cautela e penduro-o no tecto - como se fosse um fio-de-prumo - de modo a poder contemplar todas as suas faces, mas sem lhe tocar.

c) Finco os cotovelos na superfície da mesa e aplico toda a minha força mental na tentativa de “resolução do cubo”.

d) Agarro nessa cena e mexo-lhe ad hoc; se der deu, se não der, azar!, tento um com menos quadrados e menos cores.

e) Pego no cubo e manuseio-o com destreza mental e manual… pode levar algum tempo mas há-de ficar resolvido… ou quase.

Pode parecer ridículo mas… quem é que nunca soltou a interjeição ai-o-bruxedo-fuê-da-se-parece-que-tá-vii-vô! ao pegar num objecto? Pois é… ele há coisas! Ainda por cima sendo um objecto arquitectado por Satanás, será boa ideia perscrutar qual o ânimo do seu cubo.

E tu cubo, que me dizes:
a) Sim, quero brincar e/ou ser resolvido.
Se assim for, o resultado final do jogo dependerá, em boa parte, da disposição do jogador, havendo, em teoria, 5 possibilidades de desfecho. É claro que o tipo de cubo interfere neste processo. Se quiser aprofundar conhecimentos, procure a página eclipsada deste manual, que lhe descreve com que tipos de cubo poderá lidar.

b) Não, não me apetece brincar.
Neste caso, qualquer que seja a vontade do jogador, o desfecho é só um… e óbvio.

Mais que isto também não posso fazer. Falta-me experiência… nunca tive a tentação de resolver um cubo de Rubik.

Cão Sarnento disse...

O cubo de Rubik é coisa danada. Certa vez teimei que tinha de saber como um funciona por dentro... infelizmente, o resultado evidente foi a destruição física da coisa danada. A partir desse momento fatídico (passível de originar graves traumas de infância) passei a achar que às vezes mais vale apenas mexer com as coisas do que querer saber o que as faz mexer. A irónica injustiça reside no facto de que, por norma, para mexer como deve ser com as coisas danadas há que saber o que as faz mexer. E como aprender isso sem as destruir? Esse é o busílis. Mexer ou não mexer? Eis a questão. Suponho que a atitude mais sensata será procurar o manual da coisa danada lá na tal página eclipsada.