Pois é. A coisa complica-se quando uma mulher já não chega. Quero dizer, uma nunca chega, mas esse é o limite aceitável para não haver nas cabeças das mulheres motivos para certas intenções que visam a castração dos machos que revelam ter mais olhos do que barriga. Sim, porque digam o que disserem os mais gabarolas, um homem nunca tem realmente o que é preciso para dar que fazer a duas mulheres numa base regular, com prestação suficiente para não levar ao levantamento de suspeitas de que anda a “comer por fora”. (salvaguardo naturalmente a raríssimas excepções em que certos homens consegue tamanho prodígio; mas os que o conseguem, normalmente comem e calam sem andarem por aí a arrotar postas de pescada… mas, em última análise, de qualquer maneira acaba sempre por dar em trampa). Ora bem… claro está que a bela da amante tem de ser coisa fina, senão não vale a pena o esforço e tempo dispendidos na sua aquisição e manutenção. E coisa fina não se contenta precisamente com menos do que isso. Ou seja, há prendas a oferecer, desejos a cumprir e viagens a fazer aos fins-de-semana (que, para as legítimas esposas, são sempre viagens de trabalho, evidentemente). Resumindo e concluindo, impõe-se todo um ritual de obrigações que levam o desgraçado do bígamo a questionar-se se afinal está casado com uma ou duas mulheres. Sim, porque ao fim de algum tempo, o “bem bom” começa a tornar-se num desiludido assim-assim, que leva a pesar os prós e contras da tal relação extraconjugal. Num prato da balança está a variedade de parceiras em termos sexuais, e a eventual possibilidade de um preenchimento de falhas no campo afectivo que a “legítima” não conseguiu colmatar (ou seja, os prós). No outro prato estão as mentiras, a pressão psicológica exigida pela canseira de ter de mentir às duas (sim, sim, às duas… dizer à esposa que as suas desconfianças são infundadas e que não tem amante nenhuma, e dizer à amante que os seus desejos acabarão por se concretizar e que ele se separará da esposa), e ainda mais as stressantes “escapadinhas” que acabam por não render grande coisa por causa da carga de trabalhos que se tem ao disfarçar o facto de se estar a levar na bagagem a sua comparsa no adultério, e… bem, a lista de contras é considerável (de notar que referi mais contras do que prós). Numa avaliação realista do assunto em questão, para aqueles que não conseguem “mantê-lo” dentro das calças (e, já agora, também para aquelas que não conseguem deixar de andar com “ela” aos pulos… sim, porque a “lição de moral” também serve para uma abordagem da bigamia perpetrada pelas mulheres) sugiro uma de duas coisas: a) não se casem; b) caso cometam o desatino do matrimónio, vá lá… façam o tal esforço de vontade para respeitarem os princípios do enlace. É tão simples quanto isso. E se querem “comer por fora”, então deixem de “comer por dentro”. Tenham a coragem (e, sobretudo, dignidade) de deixarem o cônjuge seguir o seu rumo e encontrar alguém que efectivamente lhe tenha respeito e afecto verdadeiro. E pronto. É assim que funciona o universo onde vivem as pessoas racionais e coerentes. Lamentavelmente, até nesse universo relativamente equilibrado há trafulhices matrimoniais e outras coisas que tais. C'est la vie. É o mundo que temos. E por mais que esbarremos com a cabeça, não aprendemos. (esta última frase foi só para rimar com a anterior, logo, não deve ser deduzido nenhum significado profundo, nem qualquer outro tipo de consideração filosófica).
Cão Sarnento.
Cão Sarnento.
9 comentários:
Lá está, mais uma ladradela acertada.
PS - Os cartoons quem faz?
Apenas me resta concordar com a tua excelente interpretação das minhas sábias afirmações.
Quanto às ilustrações, diga-se de passagem que o extraordinário talento do Cão não se limita às palavras e que o bicho também se ajeita com as imagens.
És um cãostrutor de coisas engraçadas, sim senhor...
Oh get a room! :P
Pelo bem da salutar discussão, bem que andei à procura de frases para te contradizer, mas foste tão socialmente correcto que... bah, até fiquei aborrecida! Resta-me atirar para aqui uma teoria que pode ser que avive a coisa!
Como sabemos, o comportamento é determinado pela herança genética e pelos cânones da sociedade. Não, nao comecem já a bocejar, que eu vou adoçar a coisa ao jeito da eventual língua viperina. Tudo começou no tempo em que eramos todos marrecos e peludos. E, portanto, não muito diferentes dos outros animais. Na verdade, nessa altura eramos todos muito mais fieis a nós próprios. Não havia cá regrinhas de pretensos bons comportamentos e definições de certo e errado. O que era certo sim, é que por forma a perpetuar a espécie assegurando os melhores genes possíveis, os homens estavam (e estão) "programados" para agir de uma maneira e as mulheres de outra. Não é dificil chegar lá... o papel dos homens seria fecundar a maior quantidade possível de mulheres, e o das mulheres, escolher de entre os candidados, aquele com as características que assegurassem melhor a sobrevivencia da prole. E mantê-lo por lá! É por isso que a infidelidade existe. E é por isso que de vez em qdo um é castrado com uma faca de cozinha. Está nos genes, ora pois!
Mas nem tudo está perdido minhas senhoras e cavalheiros!! Não comecem vocês homens já a saltar a cerca todos contentes com o permisso assinado no bolso. A mulher deve mesmo defender o que é seu! Seja através de ameaças de castração ou apenas usando dos seus naturais encantos para manter o macho longe das tentações, ela tem o seu papel bem definido. O "amor", por assim dizer, é apenas a forma que a natureza encontrou para formar os melhores pares. E a traição, é tão natural como a sua sede. Não, não era isto :)É tão natural como o amor em si.
Pois, e entao a mulheres traidoras? Essas maléficas víboras sem coração? O que as move? Bem, se formos novamente pela teoria da biologia, não deixa de ser simples. É que aquele belo espécime espadaudo com uns genes tão cheirosos e apetecíveis e braços bons para caçar NÃO andava por ali na altura das candidaturas! Azar dos azares! E ela entalada com aquele apendice digno do 2º lugar! Pois, uma mulher nao é de ferro. Começa o sangue a obedecer aos impetos da natureza e pronto, está o caldo entornado. A mulher é como uma rã e o homem o seu nenúfar. Saltar de um nenúfar para outro requer coragem quando a água está fria, e a rã carece de óculos para avaliar as distâncias. Sim, há alguma cobardia aqui. Que também pode ser classificada como instinto de preservação.
E pronto, acabou o national geographic. Vou beber copos.
Hum... parece-me que já vi esse documentário do National Geographic. Não... espera... afinal, o que eu vi mesmo foi essa "filosofia do ímpeto biológio" posta em prática em algumas das minhas discretas observações do dia-a-dia. Se o espírito crítico nos exigir de facto imaculado rigor, a um dado momento da vida, chegaremos à conclusão de que ninguém presta mesmo. E? Vamos agora todos cortar os pulsos por causa disso? Yeah, right! Eu não sou muito de dar conselhos (a sério, isto é), mas se tivesse de oferecer um limitar-me-ia a apenas isto: sigam a vossa consciência. O velho e carcomido adágio "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti" é a melhor indicação que posso dar.
então olá
vim até aqui através de um comentário que deixaste lá no palavras..
adorei este texto e, é garantido, vou voltar para ler o resto com calma..
e..vou-te linkar..
beijinhos
Mas "linka-me" com jeitinho. Não queremos que o Cão ande para aí, por ruelas virtuais com cadeado ao pescoço, à mão de semear para qualquer tentativa de captura.
também encontrei um texto que suporta a teoria da Sofia e acrescenta mais algumas coisinhas: http://provocame.blogspot.com/2008/05/para-que-serve-o-adultrio.html
é a velha questão da posse. enquanto nós acharmos que a monogamia é uma coisa natural, irá sempre haver adultério. se as pessoas encarassem o desejo sexual por alguém diferente da pessoa com quem estão uma coisa normal, se conseguissem conceder a liberdade à pessoa com quem estão para escolher, se fossem honestas em relação aos seus desejos... eu sei que é utópico, mas eu pelo menos tento!
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